O Governo chinês, tal como o angolano, não brinca em serviço. Prova disso é que vai enviar todos aqueles que teimam em pensar pela própria cabeça (artistas, cineastas, realizadores etc.), para campos de reeducação onde, ao contrário de quem manda, deverão viver com o povo de forma a “formarem uma ideia correcta do que é o socialismo”, noticia a agência oficial chinesa, Xinhua.
O MPLA lá do sítio, no caso Partido Comunista, recorda a Revolução Cultural de Mao Tsé-tung. Em Angola, de vez em quando, o regime lembra o 27 de Maio de 1977… A notícia nos media estatais surge semanas depois de o Presidente Xi Jinping ter dito a um grupo de artistas que não devem procurar a fama através de trabalhos “vulgares”. O José Eduardo dos Santos lá da sítio, incitou-os a mudar de atitude e a promover o socialismo — e os próprios jornais oficiais disseram que as palavras do Presidente se pareciam com um discurso que Mao Tsé-tung fez, em 1940. Tudo isto quer dizer que lá, como cá, os intelectuais (escritores, artistas, jornalistas e similares) devem servir o socialismo e ser consistente com o pensamento marxista-leninista. Tal como, por exemplo, faz o Jornal de Angola. A agência estatal que controla os media chineses irá organizar grupos que, nos meios rurais, irão contactar e conhecer as “bases, as comunidades, as aldeias e as zonas mineiras” com o objectivo de “realizarem trabalho de campo e terem experiência da vida”. Para saberem que o PC é o Povo e o Povo é o PC (cá na banda é só substituir PC por MPLA), os intelectuais vão viver “30 dias” em “comunidades de minorias étnicas das zonas de fronteira e noutras zonas que tenham sido determinantes para a vitória na guerra revolucionária”, diz a Xinhua, ou seja, a Angop chinesa.